Saturday, July 07, 2012




III. PADRÃO  

O esforço é grande e o homem é pequeno.  
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei  
Este padrão ao pé do areal moreno  
E para diante naveguei.  
A alma é divina e a obra é imperfeita.  
Este padrão sinala ao vento e aos céus  
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:  
O por-fazer é só com Deus. 

E ao imenso e possível oceano  
Ensinam estas Quinas, que aqui vês,  
Que o mar com fim será grego ou romano:  
O mar sem fim é português. 

E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma  
E faz a febre em mim de navegar  
Só encontrará de Deus na eterna calma  
O porto sempre por achar.

O grande Fernando Pessoa!!!

Sunday, July 01, 2012

O texto bem elaborado vai sempre sugerir, nunca impor conclusões. Cabe à imaginação do leitor construir ou desconstruir o lido... tudo se desenrola em contextos ocultos, nunca visualizados, mas infinitamente imagináveis. Quando escrevo, gosto de me aproximar desse cenário, meu domínio é o do implícito... os fatos corriqueiros do dia-a-dia, podem ser a apenas fatos... ou não. Melhor concebê-los em forma de prosa e dela extrair o que a fantasia e a imaginação serão capazes de inferir.